Existo esperando.
Espero – porém - em contundente certeza,
Em desafio ao acaso,
Como quem atira o anzol confia no peixe.

Espero tudo dar certo,
Ou não dar em nada.
Caminho lendo
Sempre certo da calçada.

Espero o que já sei.
Não corro risco de imprevisto
Quando espero de ti
Espelho de mim
E de nós desatados, esperando existo.






Tenho quarenta minutos, a setenta quilômetros por hora.
Esvazio os bolsos no farol. 
Não me importo mais com nada – isso dura um segundo e meio – então volto pra casa meio amarelo, meio branco.
Meio-campo. 
Artilheiro da noite passada, roupas e cheiros de ontem, como um pastel sem escovar os dentes. 
Meio santo, não durmo. 
Clima ameno, lembranças quentes.