o rio passa torto
a água moldando
lavando a terra e
o tempo levando
calmo e sereno
o rio não corre
alheio à pressa
o rio se escorre
por entre casas
e automóveis
vejamos o rio
como se move
ele não força
as águas nele
ele as
conduz
calmo
e sereno
engana-se quem
suas
margens vê
como uma prisão
pr’água prender
como
uma corda
não prende o nó
a água e o rio
são coisa só
três coisas têm
um rio perfeito
primeiro o reflexo
do
céu em seu leito
depois as curvas
se
é lago ou estreito
a velocidade d’água
vêm só em terceiro
como navegam bem
folhas num rio lento
como
é calmo o rio
que ignora o vento
segue
sem pensar
a direção ou tempo
reflete
a lua e o sol
poente ou nascendo
a origem de sua água
o rio não pergunta
a água da nascente
junta a da chuva
o reflexo, as curvas
e a água por fim
nada além disso
um
rio é pra mim
o peixe que nada
a
planta na margem
esses não são o rio não
são só paisagem segue
senão
viraria rio nunca
também
o humano sozinho
que entra na água o rio cria
um ledo engano afluentes
o rio é sagrado como as
o homem profano árvores
o rio é verdade criam
o homem engano galhos
o rio vai até o mar para os
pra
onde escorre passarinhos
o homem
não vai montarem
e por isso morre seus ninhos