Foram dias desumanos
De enganos, de demoras
Esmolas pelas janelas
Cancelas nos separando
Velhos em pé observando
Gritando à toa, procurando
Conservar todo o absurdo

Dias de torpor e céu ausente
Quando nada é certo e só
Aquilo mesmo é alguma coisa
E fica tudo tão escuro, tão duro
Que por hoje não mais sinto

São nesses dias desumanos
De encontros frios, muito sono,
Computadores piscando,
Janelas trancadas, corações longe
Que ficamos a ponto de perder
Sem querer, nós mesmos