Fosse o tempo desdenhado
Naquela tarde de chuva
Naquele centro de cidade
Composto de branco e
Dourado dos bancos ao
Som das ondas

Quebrando o ano velho
Em alvas vestes
Como soubessem da paz
Pediam e pendiam
Dos cais das docas
Homens, crianças, dondocas
Prontos todos a brindar

Como os fogos brilhando
Pudessem sobrepor as estrelas
E pudessem tirar a mesa
De um ano já comido
Digerido e excretado
Ali no cais à meia-noite

Como um novo ano
Lavasse mais
Que uma barraca molhada
De água pura e marrom
De terra folhas e calma
Que o desconforto
De estar vivo e satisfeito

Como a barraca que ali estava
Cobrindo-me úmida
Estivesse dentro de mim
E dentro da barraca e de mim
Como andasse por perto
Naquele acampamento
Como pudesse ouvir seus passos n’água
Passeava o tempo


Camping Árvore do Amor, Cananéia-SP, 31 de dezembro de 2012.